www.carloslyra.com ----------------------------------------------------------------------- www.myspace.com/carloslyra

quinta-feira, 28 de abril de 2016

ESQUERDA, DIREITA E BOM SENSO


 NA ÁUSTRIA, A DIREITA RADICAL ACABA DE VENCER AS ELEIÇÕES. NÃO É PARA MENOS: A ESQUERDA ESTÁ DESMORALIZADA NO MUNDO INTEIRO. “OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS” E “DITADURA DO PROLETARIADO” (COMO SE UMA  DEMOCRACIA LEGÍTIMA COMPORTASSE QUALQUER TIPO DE DITADURA), ENTRE OUTRAS SANDICES DO STALINISMO, DESANIMAM ATÉ UM MARXISTA E ESQUERDISTA CONVICTO COMO EU. O MUNDO INTEIRO EM CRISE E COM INCAPACIDADE DE AUTO-EDUCAÇÃO, IGNORA O TRINÔMIO FUNDAMENTAL A COMEÇAR PELO BOM SENSO, SEGUIDO DA INTEGRIDADE PESSOAL E EXCELÊNCIA PROFISSIONAL QUE JUNTOS GARANTEM O BEM ESTAR  DA FAMÍLIA, DOS AMIGOS, VIZINHOS E EMPREGADOS, DISPENSANDO A FALSA PREGAÇÃO DA PRÁTICA DO BEM, PROFESSADA EXATAMENTE PELOS EGOISTAS, CAROLAS E HIPÓCRITAS.


CARLO LYRA, ABRIL DE 2016

domingo, 31 de janeiro de 2016

O QUE É BOSSA NOVA?



Recentemente dei uma entrevista sobre Bossa Nova para a BBC de Londres e sabendo que me dirigia a um povo culto me expandi à vontade, quase que em catarse. Ficou claro que a bossa nova é um fenômeno ainda não bem compreendido e sugere algumas considerações. Para começar existe uma grande afinidade com a Escola Provençal  do século XIII, também conhecida como Fin Amors. Ali, Leonor de Aquitânia, mãe de Ricardo Coração de Leão, era destacada poeta e rodeada de trovadores e menestréis que ao som do alaúde (ancestral do violão) compunham trovas que eram sussurradas ao ouvido das mulheres. Também a Bossa Nova é sussurrada e nunca gritada. Romântica e elegante, nunca vulgar, está de acordo com a descrição do cineasta Luiz Buñuel: o discreto charme da burguesia. Sim porque a bossa nova nada mais é que um produto da classe média do Rio de Janeiro que se dirige à classe média do mundo inteiro. Classe média do Rio de Janeiro que abrigava, além dos cariocas, baianos como João Gilberto, capixabas como Roberto Menescal e Nara Leão, paraibanos como Geraldo Vandré, acreanos com João Donato e paulistas como Sérgio Ricardo e Wanda Sá e, futuramente, Toquinho. Cumpre notar que, durante minha vida artística, constatei  uma coisa curiosa: que o talento artístico independe totalmente de inteligência, cultura, bom caráter e sanidade mental ou física. Conheci ou ouvi dizer de artistas dotados de indiscutível excelência e, no entanto, destituídos de uma ou outra das qualidades ou benefícios citados.

Um compositor de Bossa Nova que se preza sofre uma série de influências que começam com o impressionismo de Ravel e Debussy, além de Bach, Villa-Lobos, Stravinsky, Brahms e Schumann. Sofre influência do bolero mexicano de Agustín Lara, Gonzalo Curiel e Maria Griber, bolero esse que no Brasil tomou o formato de samba canção. Da canção francesa de Charles Trenet e Henry Salvador. Em seguida vem a influência dos cinco grandes compositores norte americanos, Cole Porter, George Gerhwin, Jerome Kern, Irving Berlin e Richard Rogers estes, como nós, identificados com o jazz west coast de Gerry Mulligan, Chet Baker, Shorty Rogers, Barney Kessel, Stan Kenton e Modern Jazz Quartet.

A Bossa Nova, enfim, deve seu nascimento a um efervescente surto cultural (e não movimento, como se diz erroneamente) que se processou no Brasil durante os anos 50  e que se manifestou no teatro com o Teatro de Arena de São Paulo, o TBC, o Teatro dos Quatro e o Oficina. Nas artes plásticas com Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Wesley Duke Lee , entre outros. Na arquitetura com Oscar Niemayer, Lucio Costa e Burle Marx.

Na indústria automobilística, e nos esportes com Pelé e Garrincha nos mundiais de futebol, com Eder Jofre no box, Maria Esther Bueno no tênis, Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice e até em beleza com a conquista do título de Miss Universo por Yeda Maria Vargas. A Bossa Nova foi, nada mais nada menos, que o fundo musical disso tudo.

Quanto ao nome Bossa Nova, esse foi criado durante uma apresentação que fizemos, em 1958, no Clube Hebraica: eu, Silvinha Teles, Menescal, Ronaldo Bôscoli e Nara Leão. Na porta do clube havia um cartaz com nossos nomes seguidos dos dizeres “...e os Bossa Nova”. Perguntei ao produtor e diretor social do clube o que significava aquilo. A resposta foi: Isso é um nome que inventei para vocês. Adotamos o nome e  soubemos, mais tarde, que esse judeuzinho criativo se havia mudado para Israel. Depois disso nunca mais ouvimos falar dele.

JANEIRO DE 2016


CARLOS LYRA