Até por ser um leitor assíduo da Bíblia (na minha
opinião um dos melhores livros já escritos) e defensor de todas as religiões, é
que me sinto perfeitamente no direito de não professar nenhuma e, ao mesmo
tempo, ser averso a qualquer tipo de fanatismo religioso. Por exemplo, sinto-me
extremamente desconfortável ante seitas muçulmanas que, contrariando o Corão de
Maomé, pregam terrorismo, prática de homens-bomba, ataque às torres gêmeas e
coisas tais.
Um tipo de fanatismo menos violento, mas nem por isso
menos pernicioso, é um muito comum no catolicismo: a carolice. Quando aluno do Salesiano
achava-me domingo, no pátio do colégio, no horário da missa, quando a professora
Maria José, de português e religião, veio verificar porque alguns alunos não
estavam na Igreja. Para não parecer agressivo confessando-me agnóstico,
declarei que não ia à missa por ser protestante, o que provocou na piedosa senhora
a seguinte reação: “Ah! Que horror!” Uma jovem carola, já de outra feita, me
confessou estar lendo o Corão “para conhecer o inimigo…”
A carolice não admite, ademais, que certos homens de
ciência a exemplo de Freud, Darwin e Marx, tivessem se declarado ateus e
materialistas, como se acreditar fosse uma questão de escolha e não de fé. Li
também o comentário (em parte justificável) de outro carola que afirmava terem
os holocaustos soviético, chinês e cubano matado, de per si, muito mais gente
do que a Inquisição católica. Como se o assassinato em menor quantidade
justificasse, mesmo em parte, o crime. Sacrificar uma única pessoa, que seja,
por motivos religiosos ou políticos, já é chegar ao holocausto.
Em tempo:
Nem sequer sou católico, mas senti-me imensamente
gratificado quando, entre tantas contribuições para a modernização da Igreja
Católica, o simpático Papa Francisco resolveu pela admissão dos animais no céu.
Sempre achei que os bichinhos são seres de outros planetas e isso, além de me
alegrar, me lembrou outra suave pessoinha, a atriz Audrey Hepburn quando, ao
lhe perguntarem se achava que os animais também iam para o céu, respondeu: “É
claro, senão não seria céu...”
C.L. agosto de 2015