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domingo, 26 de abril de 2015

IDIOMA: IDENTIDADE DE UM POVO



A moeda, a música, a comida, a religião, a nacionalidade e, sobretudo, o idioma, são formas da identidade de um povo. E no entanto os inconsequentes de sempre tentam neutralizar esses valores. Um inventa o Euro, a juventude transforma o rock  em música universal, O MacDonald internacionaliza o hamburger, o sovietismo hostiliza as religiões, o Globalismo busca um único governo mundial e assim por diante. No caso do idioma, Zamenhof, um médico russo-polonês tentou, no passado, criar uma língua universal, o Esperanto, mas a geração de três décadas atrás, com  bom senso e maior imunidade a lavagens cerebrais, rejeitou a idéia. A negligência da Educação, o esfacelamento da Cultura e as linguagens, cifrada da Internet e minimalista da Televisão, contribuem para a derrocada dos idiomas. No que diz respeito ao português, Camões e Machado de Assis saíram totalmente de moda.
Dante Alighieri no século XIII, com a Divina Comédia, “esforçou-se por inventar uma língua que pudesse ressuscitar as ideias mais profundas do pensamento humano” (sic).  Criou a língua italiana, que formulou a partir de mais de mil dialetos locais. Francesco Petrarca, seu seguidor, avançou na língua, criando o Soneto enquanto seu amigo Giovani Boccaccio escrevia uma série de contos conhecida como o Decameron. Geoffrey Chaucer, depois de assistir a uma conferência de Boccaccio sobre Dante, fez o mesmo que o conferencista, em inglês, escrevendo os Contos de Canterbury.  William Shakespeare aproveitou a forma de Soneto, inventada por Petrarca e a transpôs para o seu idioma. Foi Erasmo de Rotterdam quem, no século XVI, influenciou François Rabelais a fazer na França o mesmo que outros autores fizeram em suas línguas, escrevendo Gargantua e Pantaguel. E, para o espanhol, Miguel de Cervantes criou o Dom Quixote. Isso quer dizer, afinal que os idiomas - por serem identidade dos povos - é que criam as nações correspondentes.
C.L  abril de 2015

terça-feira, 14 de abril de 2015

ROMANTISMO E CLASSICISMO




Em arte existem duas escolas distintas: o Romantismo e o Classicismo. Os Românticos são subjetivos, sentimentais, expressivos, exuberantes e mais preocupados com o conteúdo do que com a forma. Os Clássicos são objetivos, racionais, medidos, pesados, contados e se preocupam mais com a forma que com o conteúdo. Todas as formas de arte se enquadram em uma ou outra escola. Ou nas duas. Na música os românticos seriam Beethoven, Lizt, Mendelson e Tchaikowsky, por exemplo.  Entre os clássicos contam-se Bach, Stravinsky e impressionistas como Ravel e Debussy.  Na pintura os românticos seriam abstratos como Van Gogh, o expressionista. Os clássicos são figurativos como os impressionistas Renoir, Monet, etc. Na poesia, a maioria dos parnasianos são românticos, como Olavo Bilac. Carlos Drummond e Fernando Pessoa são tipicamente clássicos. Na literatura, Dostoievsky e Balzac representam o romantismo enquanto que Gustave Flaubert, que rolava no chão em busca da palavra certa, não podia ser outra coisa senão um clássico. No jazz, contam-se entre os românticos: Charlie Parker, John Coltrane e Stan Getz e, entre os clássicos: Gerry Mulligan, Chet Baker, Stan Kenton e Modern Jazz Quartet. Na música popular americana, o compositor Irving Berlin e o cantor Bing Crosby são românticos enquanto que George Gershwin e Frank Sinatra são clássicos. Até na música popular brasileira de Escola de Samba encontra-se esta diferença, quando compositores como Cartola e Nelson Cavaquinho se revelam  românticos enquanto Zé Kéti é, definitivamente, um clássico. Mas também existem os que congregam as duas escolas numa só, Romântico-Clássica, como Villa Lobos, Rachmaninoff e Rodrigo, na música conhecida como erudita; na pintura Pablo Picasso;  na poesia Vinicius de Moraes, todos possuidores de um conteúdo romântico mas com forma clássica. Eu, pessoalmente me identifico mais com o Classicismo que com o Romantismo mas também, e muito, com aqueles  que misturam as duas escolas.
C.L. abril de 2015   

segunda-feira, 6 de abril de 2015

DIREITO VERSUS LIBERDADE



A discussão mais acalorada do momento é a do Direito de Privacidade versus Liberdade de Expressão. Os dois conceitos são igualmente relevantes e merecem, ambos, a mais atenta consideração. No entanto, qual teria prioridade quando esses dois conceitos se enfrentam? Essa parece ser a matéria em discussão. Pergunto-me, alias, qual a necessisade de discuti-la a não ser que se trate de abolir, arbitrariamente, leis e direitos inalienáveis já existentes. A verdade é que não vejo como o direito à privacidade possa ou deva ser ameaçado pela liberdade de expressão. A antiga afirmaçao de que a liberdade de um termina onde o direito de outro começa é gritante em minha mente e parece justificar, pelo bom senso, a escolha que faço entre as prioridades.  Uma outra afirmação muito em voga e, na minha opinião, um tanto falaciosa é a de que uma pessoa pública não tem direito à privacidade – o que, num futuro, não muito longínquo talvez, será permitido aos paparazzi  invadir a residência de uma pessoa, dita pública, fotografa-la à sua revelia e, quem sabe, mesmo em suas dependências sanitárias.  A coisa se complica quando chega no conflto entre o direito dos herdeiros e a  liberdade de expressão. Imagino o quanto esse direito se mostra incômodo à liberdade de expressão dos biógrafos e editores mas, ainda, segundo as leis vigentes, um herdeiro tem direito não só ao dinheiro e propridades de seus parentes como também à sua imagem assim como à faculdade de negociar qualquer desses itens à sua vontade. Porque, afinal, é  no direito de hereditariedade que se funda, há muitos séculos, desde o advento do Patriarcado, a sociedade à qual todos pertencemos.  

C.L. abril, 2015

sábado, 4 de abril de 2015

CRIAÇÃO DO HOMEM



O Criacionismo é uma forma de pensamento cristão que acredita piamente na criação do Universo, do homem e da humanidade segundo a Bíblia, com Paraíso, tentação de Eva, maçã,  pecado original, serpente, e tudo mais. Sempre fui um assíduo leitor da Bíblia, desde a segunda série ginasial do Colégio Santo Inácio, quando participava de debates sobre assuntos do Antigo e do Novo Testamentos. Num desses debates, entre as perguntas que lancei a meu contendor, estava esta: Que disse a serpente quando Adão e Eva foram expulsos do Paraiso?  Ante os olhares inquisitivos e perplexos de meu oponente assim como do padre, juiz do debate, esclareci, conclusivamente: Nada. Venci o debate.
No entanto, quando acumulado de dúvidas sobre o assunto da Criação, abordei padre Bertolo, diretor da segunda série, para fazer-lhe a seguinte pergunta: Padre, se Adão e Eva tiveram três filhos, Caim, Abel e Set, como surgiu o resto da humanidade?  O padre me respondeu prontamente: Não! Adão e Eva tiveram também muitas filhas! Continuei:  Então a humanidade descende de casamentos de irmãos com irmãs?  O padre explodiu: Menino cala a boca, você não entende nada disso! Argumento irrefutável.
Enfim, se uma pessoa acredita em Deus, porque não pode aceitar que a criação do homem se deva à Evolução das Espécies,  sugerida por Darwin e, se assim é, é porque Deus assim o quis. Eu, de minha parte, prefiro descender de alguma espécie de primata do que descender de um incesto entre irmãos.
C.L. março de 2015