Recentemente postei um texto sobre Honoré
de Balzac, onde faço considerações sobre as correntes artísticas, Classicismo e
Romantismo. Comento que apesar de minha formação e tendência clássicas, tenho
como preferido um escritor romântico. Chego agora a novas conclusões, dessa vez
a respeito de Filosofia, que também encerra duas correntes distintas: Idealismo
e Materialismo. É tido como pai do Idealismo o Bispo de Berkeley, filósofo
escocês do sec. XVIII, que afirma, corajosamente, a não-existência da matéria e
que o mundo material é apenas uma ilusão dos nossos sentidos. Já a Filosofia
Materialista , passando por Hegel e chegando ao Materialismo Dialético de Karl
Max, contradiz o Bispo de Berkeley alegando que os objetos, no mundo material, correspondem,
exatamente, às expectativas que temos deles. Assim, se desferimos uma machadada
numa árvore, a madeira se fende. Da mesma maneira que se nos colocamos diante
de um carro em movimento ou se saltamos de uma janela, os resultados estarão
longe de parecer ilusão de nossos sentidos. Não é difícil concluir-se que há
uma relação entre as objetividades do Classicismo e Materialismo assim como
entre as subjetividades do Romantismo e Idealismo. E eu que me acredito, objetivamente,
tanto clássico quanto materialista me vejo, de novo, em contradição com minhas
tendências, sobretudo no que diz respeito à afirmação materialista de que os
objetos correspondem à ideia que deles fazemos. Por exemplo, quando tento abrir
uma garrafa e a rolha se recusa a sair, quando quero abrir um armário e a porta
emperra ou quando ao tentar vestir-me o pé engancha na perna da calça... A
esses fenômenos batizei com uma expressão bem conhecida de arquitetos e
engenheiros: "resistência dos materiais". Também me sinto
materialmente lesado quando os objetos despencam subitamente de minhas mãos,
sem maiores justificativas e por uma lei da Física: a da Gravidade. Ficam,
assim, aqui registradas minha dúvida e perplexidade.
C.L.
Outubro de 2015