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domingo, 29 de março de 2015

AS RAZÕES DE DUAS MULHERES




Recentemente, a jornalista brasileira, Lúcia Guimarães e a filóloga e bloguista cubana, Yoani Sánchez, defenderam as teorias marxistas e o Comunismo dos ataques por pessoas que, equivocada ou capiciosiosamente, confundiram Marxismo, Socialismo e Comunismo com esquerdismo soviético, chinês e cubano. Lúcia criticou o cineasta David Mamet por descaracterizar máximas de Marx, do seguinte modo:  A doce promessa de Karl MarxDe cada um conforme suas possibilidades a cada um conforme suas necessidades” não passa de uma expressão cifrada para justificar a espoliação de todos pelo Estado (sabe-se lá o que David Mamet quis provar com tal afirmação, onde a frase em questão nem sequer corresponde ao que disse Marx). Lucia tem razão em afirmar que Mamet receberia nota baixa em Marxismo, pois o que Marx fez foi definir os diversos sistemas econômicos com as seguintes máximas:
Capitalismo: a cada um segundo suas oportunidades.
Socialismo: a cada um segundo seu trabalho.
Comunismo: a cada um segundo suas necessidades.
Marx queria dizer com isso que, se no capitalismo todos tivessem acesso à saúde e à educação haveria, pela melhoria da humanidade em geral, uma evolução natural ao Socialismo onde, no caso, quem quisesse trabalhar teria acesso aos benefícios sociais, garantidos pelo Estado. Isso, até que não houvesse mais diferença de classes (não sendo necessário, nesse caso, nenhuma luta de classes). E se atingiria uma etapa mais desenvolvida, ou seja, o Comunismo, onde mesmo quem não pudesse trabalhar, por qualquer razão, teria suas necessidades básicas atendidas pelos meios necessários à subsistência. Cristo não teria dito melhor.
Quanto a Yoani Sánchez, essa teve a lucidez e coragem de declarar que em Cuba nunca houve Comunismo. O que nem todos percebem é que nunca houve nem Socialismo, nem Comunismo em nenhum lugar do mundo mas, unicamente, Estados totalitários tais como o soviético, o chinês e o cubano comparáveis, apenas, ao Nazismo. As duas mulheres foram, na época, duramente criticadas por analistas que apenas  denotaram total incompetência ou desonestidade quanto a seus conhecimentos marxistas.
C.L. março de 2015

terça-feira, 24 de março de 2015

WOODSTOCK E BOSSA NOVA



O concerto de Woodstock, realizado em 1969, foi um marco na música jovem que durou três dias e atraiu quase meio milhão de pessoas, apresentando música de rock por quase 24 horas diárias. Foi uma estratégia planejada para influenciar a juventude, num objetivo de adestramento e controle mental da população, tendo a música como veículo de massificação. O crédito de tal operação se deve a Art Kornfield, diretor da Capitol Records (propriedade da EMI). É curioso observar que o concerto de bossa nova “O amor o sorriso e a flor”, apresentado na Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, quase dez anos antes (em 20 de maio de 1960), foi orquestrado por produtores da Odeon (também EMI e dirigida por um tal Mr. Morris).  Tudo indica que tinha o mesmo objetivo, em menor escala é claro, de atrair a juventude que demonstrava interesse em acompanhar shows de bossa nova apresentados em universidades e escolas, sendo que o primeiro, em São Paulo, contava com Vinicius de Moraes, Baden Powel e eu.
Naquele mesmo dia do show da Arquitetura eu deveria apresentar, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), um outro show de bossa nova subsidiado por outra companhia de discos, a Polygram à qual eu pertencia. Para não acumular dois shows do mesmo teor e no mesmo dia, transferi a data do show da PUC para alguns dias depois. Meu parceiro, Ronaldo Bôscoli, amante de conflitos e produtor contratado pela EMI, remarcou a apresentação do espetáculo da Arquitetura para o mesmo dia do da PUC, em sinal de pura competição. Conclusão: duas mil e quinhentas pessoas em cada show. As especulações foram várias, pois uns diziam que era uma cisão da bossa nova entre eu e Ronaldo Bôscoli; outros achavam que era uma rivalidade entre companhias disqueiras. Continuo acreditando que se tratava de manipulação da juventude, sobretudo em Woodstock que contou, inclusive, com farto e livre comércio de drogas.
Hoje, a bossa nova saiu de moda na preferência dos jovens, por ser uma música de cunho mais cultural, ao contrário da música prapular. Mas os grandes concertos de rock se assemelham ao de Woodstock no que diz respeito à manipulação da juventude e até na circulação de drogas. Por ter  contrariado os desígnios da Odeon (EMI) tornei-me persona non grata no cenário de discos sendo também, posteriormente, afastado da Poligram. Ainda mais com a agravante de ter dado, na época,um conteúdo social a minha música e de ser um dos fundadores do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes). E mais ainda, agora, por escrever estas linhas. Resta esclarecer que a EMI é uma companhia de discos inglesa e afiliada ao Instituto Tavistock de Londres. Para quem não saiba exatamente, do que se trata, sugiro uma rápida visita ao Google, que pode resultar muito instrutiva. Veja o título Instituto Tavistock no Google e busque o subtítulo Relações Humanas: Controle mental.
C.L. março de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015

1964



A esquerdinha brasileira adora dar notícias e narrar fatos segundo o princípio que todos os mocinhos estão do lado de cá enquanto que todos os bandidos estão do lado de lá. Infelizmente, não é assim que se procede em qualquer tipo sério de análise histórica. Na noite de 31 de março para 1° de abril de 1964, eu estava na sede da UNE (União Nacional dos Estudantes) sendo metralhado pelos participantes do MAC (Movimento Anti- Comunista) enquanto ouvíamos pelo rádio a voz de Leonel Brizola que bradava “Resistam que estamos chegando com as tropas!” Pela manhã já não havia qualquer resistência e ouvíamos que Brizola se escapara pela fronteira do Uruguai, boato ou não... vestido de freira. Seu cunhado Jango Goulart, então Presidente da República, estimulava o movimento de guerrilha e a ocupação do território brasileiro por falanges revolucionárias estrangeiras. Lembro-me bem de ter, na época, amigos que participavam do movimento de guerrilha e que confirmavam as suposições acima. Se isso tivesse dado certo, hoje seríamos uma segunda Cuba. Eu, como esquerda, não radical (do tipo PT), nem moderada (tipo PSDB), prefiro a opção do governo Castelo Branco do que a de guerrilha revolucionária, que vai contra todos meus princípios de democrata e marxista. Hoje, continuo achando, apesar de minhas convicções politicas, que o golpe de 64 que derrubou o governo Jango Goulart, foi a solução mais razoável possível para as circunstâncias da época, especialmente depois de Castelo Branco declarar que tão logo passada a crise, devolveria a democracia ao povo. Pelo que vi e experimentei, a repressão e opressão ditatorial só começou no governo Costa e Silva, extendendo-se pelo governo Médici e sendo responsável, dali em diante, pela mediocridade política que se estabeleceu no país pelos próximos 30 anos até o presente momento. A gestão ditatorial de Médici aliás, é preciso que se diga, elevou o Brasil de 46ª à 8ª economia do mundo mostrando, a exemplo da China atual, que um governo ditatorial mas bem administrado pode até se tornar, economicamente, viável. Caso semelhante foi a administração eficiente de outro direita radical, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, que resultou no melhor Governo de Estado do Brasil.
C.L. março de 2015

sexta-feira, 6 de março de 2015

A BEM DA CULTURA NEGRA



O que mais se conhece da cultura negra são as religiões africanas como Candomblé, trazida pelos negros no período de escravidão e Umbanda, criada no Brasil , na cidade de Niterói em 1917, ambas religiões sincréticas, fortemente ligadas ao Catolicismo romano e outros cultos. Na Bahia todos têm seus orixás ou guias espirituais:  Oxalá, Xangô, Oxum, Ogum, Iemanjá, Oxossi, Iansã, etc. O Oxalá da versão africana se identifica, no Catolicismo, com o Senhor do Bonfim, Xangô com São Jerônimo, Oxum com Nossa Senhora Aparecida, Ogum com Santo Antonio e São Jorge, Iemanjá com Nossa Senhora da Conceição, Oxossi com São Jorge, Iansã com Santa Bárbara e assim por diante. Já no Rio de Janeiro, nem todos são familiarizados com seus guias.  Eu, pelo menos, sei que o meu é Oxalá-Lufã o Velho, uma variação de Oxalá. O culto do Candomblé era proibido pelos colonizadores que pretendiam cristianizar tanto os africanos como os indígenas, além de lograr uma maior submissão dos escravizados. Na Bahia, a proibição teve consequências graves pois os negros Malês, de origem islâmica, possuidores de muito mais cultura que os colonizadores ou qualquer outro grupo escravo se rebelaram, ao não poderem professar livremente sua religião muçulmana e, após um levante sangrento, em 1835, foram derrotados pelas forças oficiais.
Quanto ao sincretismo das religiões africanas, vale a pena lembrar, a bem da cultura negra, que o Cristianismo foi professado pelos negros da Etiópia muito antes de ser religião de brancos que na época eram, na maioria, tribos bárbaras. Era pois, há mais de mil anos, antes das grandes navegações, que no continente africano encontravam-se as populações cristãs mais antigas, prósperas e cultas do mundo. Deve-se aos povos árabes o fato de terem sido destruídos e vendidos como escravos, já que a prática escravagista era perfeitamente permitida pelo Corão.
A bem da cultura negra, vale também mencionar os grandes nomes da cultura  nacional como Machado de Assis que engrandece não só essa cultura como a internacional. E mais ainda, Capistrano de Abreu, o poeta Cruz e Souza, Gonçalves Dias, o Aleijadinho, Lima Barreto e tantos outros. É notável, aliás, que nenhum deles necessitou de cotas raciais universitárias para chegar onde chegou. Muito pelo contrário, possivelmente se sentiriam descriminados e se perguntariam se ao conceder-se benefícios desse tipo a uma raça não se estaria descriminando outras raças como a indígena, por exemplo? Afinal, as cotas só acarretam uma prevenção e desconfiança quanto aos profissionais negros que, mesmo tendo competência, sofreriam suspeita, devido a uma formação acadêmica facilitada pelas cotas raciais. Esse artifício já foi tentado pelos norte-americanos nos anos 80, quando criaram a política de cotas conhecida como affirmative action, garantindo a diminuição de criminalidade na população negra. Uma vez posta em prática, essa operação não evitou o crescimento do racismo e o considerável aumento de crimes, por parte de negros contra brancos - tudo documentado por informes do FBI.
O racismo no Brasil, por sua vez, é mesmo uma coisa muito controvertida. Eu, de minha parte, nunca acreditei que o Brasil fosse um país racista, se bem não há dúvida que exista racismo no país. Haja vista, por exemplo - o amor manifesto do povo, sem descriminação racial, pelos ídolos do futebol, do Carnaval e da música popular. Desconfio mesmo, apesar de arriscar-me a ser suspeito como partidário da teoria da conspiração, que há uma necessidade mórbida em provar a existência do racismo brasileiro, especialmente por certas facções esquerdistas que, seguindo os preceitos de Stalin, tratam de  Explorar todos os possíveis conflitos raciais e lhes dar um sentido de luta de classe. E se não houver conflitos raciais, que se invente um, porque o objetivo é que se estabeleça a dúvida, pelo meio do preconceito, para chegar ao fim político. Segundo eles, Os fins justificam os meios...
C.L. Fevereiro de 2015