www.carloslyra.com ----------------------------------------------------------------------- www.myspace.com/carloslyra

sábado, 25 de fevereiro de 2012

MÚSICA DE COROA




Música de Corôa

Assisti, recentemente, a um filme nacional - "Olhos azuis" - muito bem escrito e dirigido por José Joffily. Uma cena que me chamou a atenção foi de um diálogo entre um cinquentão norte-americano e uma brasileira adolescente e nordestina. Durante uma viagem de carro, a garota ligou o rádio, alto, pra ouvir aquelas músicas, no caso, bastante ruins. O gringo perguntou se aquilo era necessário e por que ela não ouvia música boa como Bossa Nova, por exemplo. "Isso é música de corôa." Respondeu ela. No que ele contestou: "mas rock and roll ainda é mais velho do que isso!" Imediatamente comecei a conjeturar que Elvis Presley é bem mais antigo do que a Bossa Nova, só que a música foi lançada nos EUA, onde as coisas com o mínimo de qualidade, tendem a se preservar. E a Bossa Nova, nasceu no Brasil, num período muito especial da nossa história e do nosso desenvolvimento econômico. Realmente, na época de Juscelino, os surtos culturais aconteceram em todas as áreas: na música, no cinema, nas artes plásticas, no teatro e na literatura, destacando-se, nessa última, a poesia concreta que foi até exportada para a Europa. Nesses "anos dourados" a juventude acorria aos shows de Bossa Nova que se realizavam nos bares, nos teatros e nas universidades. Isso tudo durou até 1964, quando o golpe militar desencaminhou nossa cultura e educação. E isso até os dias de hoje, onde o público adepto à Bossa Nova, se equipara em faixa etária ao norte-americano do filme que comentei. Sempre afirmei, e repito, que Bossa Nova não é uma música de geração, mas é uma música de classe média, haja vista que até hoje toca-se Bossa Nova nos EUA, na Europa, no Japão e em qualquer lugar onde exista uma classe média significativa. No Brasil, e especialmente no Rio de Janeiro, o berço da Bossa Nova, quando um estrangeiro aqui chega e pergunta aonde se pode ouvir esse tipo de música, temos que responder, melancolicamente, que não existe tal lugar. Além do prejuízo cultural, isso resulta em perda de proveitosos ingressos econômicos, sem falar que o nível cultural da juventude, em sua maioria, quase se equipara ao dos bolsa-família. Por outro lado, a juventude alfabetizada, tende mais a buscar informações na internet, o que não deixa de ser um recurso ao alcance de todos, mas não tem o mesmo encaminhamento cultural que um disco, uma exposição, um livro ou uma peça de teatro. Com tudo isso resulta a educação ter caído a um nível bastante medíocre. Mas como diz o ditado: "a esperança é a última que morre!".

TERAPIA E ASTROLOGIA



Em 1974, quando tive meu disco "Herói do Medo", totalmente delapidado pela censura da ditadura militar, cedi ao impulso de combater a depressão partindo para Los Angeles para me entregar a uma terapia chamada Grito Primal que, realmente, mudou minha vida: deixei de fumar, aprendi a chorar e passei a sentir o que dizia e a dizer o que sentia. Um dos meus companheiros de terapia era o Beatle John Lennon, com quem tive algumas conversas na lojinha de música que ficava no caminho do Centro Terápico. Numa das primeiras conversas com ele tinha que perguntar-lhe, evidentemente, o que aquela terapia estava fazendo por ele. Sua pronta e curta resposta foi: "It saved my life!" (Salvou minha vida).

Outra grande satisfação, em Los Angeles, foi descobrir a Astrologia Sideral que, também, mudou minha cabeça. Essa Astrologia se postava visceralmente contra a Astrologia vigente e tradicional. No curso que frequentei fui informado que em virtude do movimento dos astros, 80% das pessoas não pertencem, na verdade, ao signo que professam e sim a um signo imediatamente anterior, porque os astros mudam de posição a cada quase dois mil anos, por um efeito astronomicamente conhecido como a Precessão dos Equinócios. Por defender essa teoria, Galileu Galilei, quase virou churrasquinho na fogueira da Inquisição, por dizer que a terra se move ("e pur si muove").
Meu queixo caiu em direção ao signo de Áries, quando se me revelou que eu não era mais Touro, porque, no ano em que nasci, o sol já não percorria, há muitos séculos (desde 226 d.C.), a Constelação de Touro e sim a de Áries. Mas os ensinamentos dos astrônomos-astrólogos Cyril Fagan (irlandês) e Garth Alan (americano), eram irrefutáveis. Excusado dizer que essa escola e sua teoria astrológica, foram implacavelmente perseguidas, a exemplo da Inquisição Medieval, pelos adeptos da Astrologia vigente que faturavam milhões de dólares distribuindo horóscopos, predições e outras práticas. Tudo baseado num pretensioso erro astronômico.

Quando voltei ao Brasil, tratei de escrever um livro com o intuito de esclarecer a Astrologia Popular Brasileira. Santa inocência..... Com exceção da astróloga Ana Maria Costa Ribeiro, que até foi no lançamento do meu livro, os astrólogos em geral me receberam como um comunista no Vaticano e pareciam querer fazer comigo o que a Inquisição quase fez com Galileu.  Para minha compensação o primeiro livro foi lançado pela Editora Codecri, do jornal O Pasquim (também contestatório) e ilustrado pelo Ziraldo. Melhor ainda, numa subsequente tentativa, um segundo livro sobre o mesmo assunto, foi prefaciado por dois astrônomos e a ilustração da capa do livro fornecida por um terceiro astrônomo, assim como os dois outros, gratificado pelo fato de eu lançar no Brasil, uma astrologia baseada nos preceitos astronômicos.

Como ambas as edições estão esgotadas, estou buscando uma editora para relançar o segundo livro, que se intitula "AYANAMSA - Astrologia Sideral". Sendo que Ayanamsa, em sânscrito, quer dizer diferença. O texto é todo focado na Astrologia dos egípcios, que é a base da Astrologia Sideral.
Nada me pareceu mais fascinante do que misturar Mitologia, Astrologia, Astronomia e Egiptologia e, até lá, me ponho à disposição para novos esclarecimentos a quem possa interessar.