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sábado, 24 de março de 2012


SHOW NOVO

O Teatro SESC Ginástico, no Centro da Cidade, resolveu apostar na Bossa Nova e me propôs abrir o Projeto "Terça com Bossa". Como é único tocar na nossa cidade, não pude deixar de aceitar esse convite e aguardo todos lá. Vou mostrar uma porção de coisas novas, além dos clássicos, é lógico. Confiram o RELEASE do show, abaixo. Vejo vocês lá!

Teatro SESC Ginástico - Av. Graça Aranha, 187 - tel: 2279.4027


CARLOS LYRA
no show
UM CARIOCA ALÉM DA BOSSA

Carlos Lyra, um dos compositores, criadores desse surto musical que floresceu na cidade do Rio de Janeiro, e que levou a Bossa Nova para o Carnegie Hall fazendo-a ser conhecida em todo o mundo, apresenta novo show, misturando clássicos que todos gostam de cantar, histórias de seus parceiros e composições novas, num espetáculo repleto de romantismo e de homenagens à cidade do Rio de Janeiro.
O show além da Bossa mostra como o artista, coloca em prática todas as suas influências e mostra todos os diferentes ritmos que fazem parte da Bossa Nova, ao contrário do que se acredita quando a ligam apenas ao samba bossa-nova. São toadas, choros, valsas, baião, samba, marchas, tango brasileiro - essa chamada Carioca de Algema, feita em parceria com Millôr Fernandes que fala das pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo, que escolheram essa cidade para morar e se tornaram cariocas algemados de amor ao Rio de Janeiro. Não podendo deixar, é claro, de contar com clássicos como Minha namorada, Primavera, Lobo bobo entre outras, que estimulam o público a cantar junto e que são marcas registradas deste artista em qualquer parte do mundo.

Várias parcerias inéditas e inusitadas recheiam esse espetáculo. "Pra Sempre" em parceria com João Donato, tem a música feita pelos dois e a letra, feita por Carlos Lyra que se baseou em seus próprios sentimentos. Ele diz: "Nunca me apaixonei, mas tenho uma grande capacidade de amar. Minha mulher que o diga. Numa letra minha, ainda inédita, cuja música é em parceria com Donato, disse o seguinte: "O que faz a esperança ser mais que a ilusão / E um romance inocente ser mais que a paixão? / Que a paixão é fugaz / E um romance é pra sempre."  Na também, primeira parceria com Ronaldo Bastos, lhe envia um tema com grande influência da música francesa, que intitulou "Belle Époque" e recebe, de volta, uma letra extremamente delicada, falando, de novo, do amor. Para não fugir ao tema, vem da nova geração, a contribuição de seu sobrinho, Cláudio Lyra, na letra "Passageiros", musicada pelo tio e também "Até o fim", com Marcos Valle, recentemente gravada por Emílio Santiago.

Em parceria inusitada, com Machado de Assis, Carlos musica seu poema "Quando ela fala" a pedido da Academia Brasileira de Letras, para a cerimônia de traslado dos restos mortais de Machado e de sua esposa Carolina, da sepultura para o Mausoléu da Academia. Logo depois, recebeu o convite de Arnaldo Niskier para tocar, durante a cerimônia, no Cemitério São João Batista para a qual enviou sua filha, Kay, acompanhada de um flautista, um violonista e uma cellista, que rendeu o seguinte comentário: "Pai, a platéia não poderia ser melhor. De um silêncio profundo!"

Outro convite desse porte foi feito pelo poeta baiano Ildásio Tavares, ao encomendar uma música para o centenário de Castro Alves. Após profunda pesquisa ele descobre esse poema, de enorme delicadeza, chamado "As duas flores", escrito quando tinha apenas 14 anos. Assim também, música  Fuenteovejuna, de Lope de Vega de onde se destaca a valsa "Val de Fuenteovejuna", para a qual compõe uma música medieval, seguindo, até mesmo, as acentuações praticadas naquela época.
Na canção "Na batucada", também inédita, sem parceiros, o compositor conta a história do cotidiano das ruas do Rio de Janeiro aonde as pessoas se encontram, munidas de instrumentos como é comum em bares e rodas de amigos.

Num bloco de músicas dedicado à cidade maravilhosa, esse carioca faz várias odes à cidade e a seus bairros mais famosos. Além de "Carioca de Algema", ele nos mostra "Em tempo, eu te amo... "composta durante uma caminhada na Lagoa aonde faz em letra e música, uma declaração de amor à cidade, assim como em Y-panema, também sem parceiros, feita para as comemorações de 100 anos do bairro onde mora e "E era Copacabana", essa com letra de Joyce, com uma atmosfera que nos leva à época e ao bairro onde a Bossa Nova nasceu.

Tendo o amor como tema recorrente em suas parcerias, mas sempre o tratando de uma forma clássica e elegante, nos remete às palavras do amigo com quem Carlos Lyra tanto se identifica em suas influências e no apuro estético de compor. "Grande melodista, desenhista, harmonista, rei do ritmo, da síncope, do desenho, da ginga, do balanço, da dança, da lyra. Lyrista e lyricista, romântico de derramada ternura, nunca piegas, lacrimoso, açucarado. Formidável compositor." Assim escreveu Tom Jobim sobre este artista que com 58 anos de carreira, internacionalmente consagrado, se mantém produtivo, criativo e encantando as platéias.

A formação do show reduzida para simular um Sarau aonde novas canções são apresentadas, mantendo o clima intimista da música de câmera, é composta por ele na voz e violão, Fernando Merlino no teclado, Dirceu Leite no sax, flauta e clarinete e Ricardo Costa na bateria. Três músicos experientes, que compoem sua banda com a qual viaja o mundo cantando o Rio de Janeiro e a música que a cidade produz. E mais uma participação pra lá de especial de Márcio Menescal. O título do show, reflete os diversos gêneros musicais por onde Carlos Lyra trafega com a maior naturalidade.  Muito além do que ficou reconhecido como Bossa Nova. Muto além da Bossa.
Magda Botafogo

MAM

MAM

Essa semana tive a feliz companhia de queridos amigos, no MAM, quando nos reunimos para ver a abertura da exposição das novas aquisições da Coleção Gilberto Chateaubrinad e ainda aproveitar a exposição da artista norte-americana Nan Goldin, cujas fotografias e slides causaram tanta polêmica por aqui. Um programa que vale a pena, e fica claro na foto abaixo, com a alegria estampada de Marcos Valle, Joaquim Ferreira dos Santos, Carlos Alberto e Gilberto Chateaubriand. A foto foi tirada por Patricia Alvi, que nos acompanhava junto com minha mulher Magda e nossa madrinha Sylvinha Gouvêa, que escaparam da foto.


PRECURSORES E INFLUÊNCIAS



Atualmente, todos conhecem a afirmação de que "Bossa Nova sofre influência do jazz". Qualquer um, até os menos informados, repetem o bordão com segurança e autoridade. Eu, por exemplo, não me canso de repetir o mesmo, só que me causa uma certa espécie o fato de que outros mais informados, e até mesmo jornalistas, afirmem que a Bossa Nova é um movimento que teve como precursores, Tom Jobim, Vinicius, Carlos Lyra, Menescal e outros. Proponho-me a discordar de tais afirmações, porque a Bossa Nova não vem a ser um movimento, mas sim um surto cultural musical decorrente de um - esse sim - movimento econômico, mais conhecido como desenvolvimento, ocorrido nos anos 50, 60, quando Juscelino foi presidente. A propósito, o termo "precursor" não se aplica aos compositores acima mencionados, que seriam, mais bem, criadores e não precursores como Dick Farney, Lucio Alves, Johny Alf, Dolores Duran, OS Cariocas, etc... que precederam a Bossa Nova. Outros observadores, incluindo críticos especializados, declararam que a Bossa Nova está para o Brasil, assim como o jazz está para os EUA. Sendo a Bossa uma música cantada, não seria o correspondente do jazz americano - uma música essencialmente instrumental - e sim correspondente das canções de compositores como Cole Porter, George Gershwin, Richard Rogers, Jerome Kern e Irving Berlin (também cantadas), todos extrações de uma classe média como os compositores brasileiros. Igualmente de classe média são outros tipos de música internacional como o bolero mexicano, de Agustin Lara, Gonzalo Curiel, Maria Grieber, Sabre Marroquin, e outros que se destacam nos anos 40, durante um, também, desenvolvimento cultural no México pós revolução e que, aliás, também influenciaram a Bossa Nova. Poderíamos ainda, citar outras influências como as canções francesas de Charles Trénet, Ives Montand, Edith Piaff, Georges Brassens, Léo Ferré e Michel Legrand, todos vindos de uma classe média urbana e culta. Os compositores citados, independentemente do país de origem sofrem, indiscutivelmente, influência do jazz assim como do Impresssionismo francês (Ravel e Debussy) ou ainda de Strawinsky, Rachmaninoff, Rimsky Korsakov e Chopin sendo que, no Brasil, cabe ainda destacar Villa Lobos. Numa conversa com Tom Jobim, chegamos à conclusão que tínhamos as mesmas influências, tanto de compositores populares como eruditos, além dos populares brasileiros como Caymmi, Ary Barroso, Custódio Mesquita e Noel Rosa. Concordamos também que o Jazz que nos seduzia era o Jazz West Coast representado por Gerry Mulligan, Chet Baker, Shorty Rogers, Barney Kessel e Modern Jazz Quartet. Sendo, pois, a Bossa Nova uma música de classe média não é,  como já afirmaram, uma música de geração (anos 50/60) e sim uma música de classe social que atraiu enormes platéias aos bares, teatros e Universidades  e que depois do golpe de 1964 sofreu uma dramática decaída no Brasil, juntamente com os níveis cultural e educacional. No entanto, a música de Bossa Nova, apesar de tudo, continua sendo largamente executada em países de classe média expressiva como Estados Unidos, Japão e toda a Europa.