Atualmente,
todos conhecem a afirmação de que "Bossa Nova sofre influência do jazz". Qualquer um, até os menos informados,
repetem o bordão com segurança e autoridade. Eu, por exemplo, não me canso de
repetir o mesmo, só que me causa uma certa espécie o fato de que outros mais
informados, e até mesmo jornalistas, afirmem que a Bossa Nova é um movimento que teve como precursores, Tom Jobim, Vinicius,
Carlos Lyra, Menescal e outros. Proponho-me a discordar de tais afirmações, porque
a Bossa Nova não vem a ser um movimento, mas sim um surto cultural musical decorrente de um - esse sim - movimento
econômico, mais conhecido como desenvolvimento, ocorrido nos anos 50, 60,
quando Juscelino foi presidente. A propósito, o termo "precursor" não
se aplica aos compositores acima mencionados, que seriam, mais bem, criadores e
não precursores como Dick Farney, Lucio Alves, Johny Alf, Dolores Duran, OS Cariocas, etc...
que precederam a Bossa Nova. Outros observadores, incluindo críticos
especializados, declararam que a Bossa Nova está para o Brasil, assim como o
jazz está para os EUA. Sendo a Bossa uma música cantada, não seria o correspondente do jazz americano - uma
música essencialmente instrumental - e sim correspondente das canções de
compositores como Cole Porter, George Gershwin, Richard Rogers, Jerome Kern e
Irving Berlin (também cantadas), todos extrações de uma classe média como os
compositores brasileiros. Igualmente de classe média são outros tipos de música
internacional como o bolero mexicano, de Agustin Lara, Gonzalo Curiel, Maria
Grieber, Sabre Marroquin, e outros que se destacam nos anos 40, durante um,
também, desenvolvimento cultural no México pós revolução e que, aliás, também
influenciaram a Bossa Nova. Poderíamos ainda, citar outras influências como as
canções francesas de Charles Trénet, Ives Montand, Edith Piaff, Georges Brassens,
Léo Ferré e Michel Legrand, todos vindos de uma classe média urbana e culta. Os
compositores citados, independentemente do país de origem sofrem, indiscutivelmente,
influência do jazz assim como do Impresssionismo francês (Ravel e Debussy) ou
ainda de Strawinsky, Rachmaninoff, Rimsky Korsakov e Chopin sendo que, no
Brasil, cabe ainda destacar Villa Lobos. Numa conversa com Tom Jobim, chegamos
à conclusão que tínhamos as mesmas influências, tanto de compositores populares
como eruditos, além dos populares brasileiros como Caymmi, Ary Barroso,
Custódio Mesquita e Noel Rosa. Concordamos também que o Jazz que nos seduzia
era o Jazz West Coast representado por Gerry Mulligan, Chet Baker, Shorty
Rogers, Barney Kessel e Modern Jazz Quartet. Sendo, pois, a Bossa Nova uma
música de classe média não é, como já
afirmaram, uma música de geração (anos 50/60) e sim uma música de classe social
que atraiu enormes platéias aos bares, teatros e Universidades e que depois do golpe de 1964 sofreu uma
dramática decaída no Brasil, juntamente com os níveis cultural e educacional. No
entanto, a música de Bossa Nova, apesar de tudo, continua sendo largamente
executada em países de classe média expressiva como Estados Unidos, Japão e
toda a Europa.
na minha opinião,absolutamente irretocável.doa em quem doer.
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