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sábado, 24 de março de 2012

PRECURSORES E INFLUÊNCIAS



Atualmente, todos conhecem a afirmação de que "Bossa Nova sofre influência do jazz". Qualquer um, até os menos informados, repetem o bordão com segurança e autoridade. Eu, por exemplo, não me canso de repetir o mesmo, só que me causa uma certa espécie o fato de que outros mais informados, e até mesmo jornalistas, afirmem que a Bossa Nova é um movimento que teve como precursores, Tom Jobim, Vinicius, Carlos Lyra, Menescal e outros. Proponho-me a discordar de tais afirmações, porque a Bossa Nova não vem a ser um movimento, mas sim um surto cultural musical decorrente de um - esse sim - movimento econômico, mais conhecido como desenvolvimento, ocorrido nos anos 50, 60, quando Juscelino foi presidente. A propósito, o termo "precursor" não se aplica aos compositores acima mencionados, que seriam, mais bem, criadores e não precursores como Dick Farney, Lucio Alves, Johny Alf, Dolores Duran, OS Cariocas, etc... que precederam a Bossa Nova. Outros observadores, incluindo críticos especializados, declararam que a Bossa Nova está para o Brasil, assim como o jazz está para os EUA. Sendo a Bossa uma música cantada, não seria o correspondente do jazz americano - uma música essencialmente instrumental - e sim correspondente das canções de compositores como Cole Porter, George Gershwin, Richard Rogers, Jerome Kern e Irving Berlin (também cantadas), todos extrações de uma classe média como os compositores brasileiros. Igualmente de classe média são outros tipos de música internacional como o bolero mexicano, de Agustin Lara, Gonzalo Curiel, Maria Grieber, Sabre Marroquin, e outros que se destacam nos anos 40, durante um, também, desenvolvimento cultural no México pós revolução e que, aliás, também influenciaram a Bossa Nova. Poderíamos ainda, citar outras influências como as canções francesas de Charles Trénet, Ives Montand, Edith Piaff, Georges Brassens, Léo Ferré e Michel Legrand, todos vindos de uma classe média urbana e culta. Os compositores citados, independentemente do país de origem sofrem, indiscutivelmente, influência do jazz assim como do Impresssionismo francês (Ravel e Debussy) ou ainda de Strawinsky, Rachmaninoff, Rimsky Korsakov e Chopin sendo que, no Brasil, cabe ainda destacar Villa Lobos. Numa conversa com Tom Jobim, chegamos à conclusão que tínhamos as mesmas influências, tanto de compositores populares como eruditos, além dos populares brasileiros como Caymmi, Ary Barroso, Custódio Mesquita e Noel Rosa. Concordamos também que o Jazz que nos seduzia era o Jazz West Coast representado por Gerry Mulligan, Chet Baker, Shorty Rogers, Barney Kessel e Modern Jazz Quartet. Sendo, pois, a Bossa Nova uma música de classe média não é,  como já afirmaram, uma música de geração (anos 50/60) e sim uma música de classe social que atraiu enormes platéias aos bares, teatros e Universidades  e que depois do golpe de 1964 sofreu uma dramática decaída no Brasil, juntamente com os níveis cultural e educacional. No entanto, a música de Bossa Nova, apesar de tudo, continua sendo largamente executada em países de classe média expressiva como Estados Unidos, Japão e toda a Europa.


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