Já me manifestei, mais de uma vez, como pessoa
absolutamente não religiosa. Educado no Catolicismo, hoje sem professar nenhum
credo, nenhuma relação com o além, poderia ser, no máximo, um materialista
dialético – de olho na bruxaria… E no entanto creio, firmemente, serem as
religiões um indício marcante da cultura e da identidade de um povo.
Todo povo possui seu mito literário religioso:
os hindus leem seu Zend Avesta, os muçulmanos
seguem o Corão, os judeus recitam o Torah
enquanto que a civilização ocidental cristã conta com a Bíblia esta na
opinião de muitos, na minha inclusive, um dos melhores livros já escritos. Acrescento que não é para ser lido, de cara,
como um breviário religioso mas como um fantástico e divertido romance de aventuras.
É curioso que, no Brasil, as preferências recaiam
sobre mitos indígenas, hindus e orientais em geral, sobretudo os africanos. O
que estes últimos têm de interesse cultural talvez não justifique que a população,
inclusive a de não afrodescendentes cultue, opcionalmente, Xangô, Oxalá, Oxum e
Iemanjá. O próprio negro, totalmente esquecido de outra comunidade africana, os
muito cultos e extintos Malês do Brasil colonial e de origem islâmica, negligencia
sua integração nos tempos modernos e as expressões de cultura negra atual como
Machado de Assis, Lima Barreto, Cruz e Souza, o Aleijadinho e tantos outros.
Carlos Lyra, agosto de 2015
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