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quinta-feira, 11 de junho de 2015

A PERGUNTA MEDIEVAL QUE NÃO QUER CALAR



Na literatura da Idade Média era comum a presença de uma pergunta, em latim, o UBI SUNT? Significando Onde estão?  Era um questionamento que se referia à ausência de várias entidades e valores já então desaparecidos. Onde estão? Ou, Ubi sunt? – no caso, os reis, os castelos, os guerreiros, os cavaleiros, as damas, os trovadores, os menestréis, os magos, as bruxas, os dragões…etc.?

No Brasil de hoje, cabe lançar uma série de Ubi sunt - onde estão, por exemplo, os valores dos anos dourados e os do desenvolvimento que nos deu os 50 anos em 5 e a indústria autmobiística do goveno Kubistcheck? Onde está a arquitetura de Niemeyer, Lucio Costa e Burle Marx que nos deu Brasília? Onde está o surto de cultura que nos deu a literatura de Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Suassuna? A Poesia Concreta de Ferreira Gullar, Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos; o Cinema Novo de Glauber Rocha, Joaquim Pedro, León Hirshman e Carlos Diegues; os teatros TBC, Arena e Oficina, de São Paulo, tudo isso com o fundo musical da Bossa Nova. Onde estão os desportistas campeões do mundo como Maria Ester Bueno no tênis, Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice, Eder Joffre no box, Pelé e Garrincha nas seleções vencedoras dos mundiais de 58 e 62 e last not least, Yeda Maria Vargas a Miss Universo, no mesmo período?

Se formos comparar, desde o governo Jânio Quadros que não temos descanso político, cultural ou educacional.  Cabe ainda perguntar: onde está o Estado da Guanabara que se transformou no melancólico balneário do Estado do Rio de Janeiro e cujo antigo governo Lacerda, apesar do caráter do governador, tinha nele o melhor dos administradores? Quanto à cultura, em lugar da vocação, ou seja, ocupar-se com o que se ama, está o empreguinho pelo dinheiro e nada mais. Em lugar da Bossa Nova, o funk. Do idioma nem se fala. As construções sintáticas e gramaticais, não apenas do “bolsa-família” mas também da maior parte da juventude universitária, ameaçam os humoristas de desemprego. 

Além da cultura e do idioma, o terceiro pilar na estrutura de um povo é a religião. Eu, por minha vez, como ateu e marxista (não Stalinista, não Maoista e não Castrista), não professo nenhuma, mas não posso deixar de estar entre os que consideram a religião como, além de riqueza cultural, âncora, esteio e mesmo freio da humanidade. Infelizmente, em nome de um esquerdismo canhoto e sinistro, prega-se o extermínio dos cultos religiosos. Onde está o respeito pelo direito de uma pessoa ser crente ou ateu? Com tantos Ubi sunt, temos uma impressão de tempos presentes ameaçadores, restando ficar com a máxima do poeta espanhol do século XV, Jorge Manrique que, na época, já afirmava: Qualquiera tiempo passado fué mejor.


C.L.  junho de 2015

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