Na literatura da Idade Média era comum a presença de uma
pergunta, em latim, o UBI SUNT? Significando
Onde estão? Era um questionamento que se referia à
ausência de várias entidades e valores já então desaparecidos. Onde estão? Ou,
Ubi sunt? – no caso, os reis, os castelos, os guerreiros, os cavaleiros, as
damas, os trovadores, os menestréis, os magos, as bruxas, os dragões…etc.?
No Brasil de hoje, cabe lançar uma série de Ubi sunt - onde
estão, por exemplo, os valores dos anos dourados e os do desenvolvimento que
nos deu os 50 anos em 5 e a indústria autmobiística do goveno Kubistcheck? Onde está a arquitetura de Niemeyer, Lucio
Costa e Burle Marx que nos deu Brasília? Onde está o surto de cultura que nos
deu a literatura de Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Suassuna? A Poesia Concreta
de Ferreira Gullar, Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos; o Cinema Novo
de Glauber Rocha, Joaquim Pedro, León Hirshman e Carlos Diegues; os teatros TBC,
Arena e Oficina, de São Paulo, tudo isso com o fundo musical da Bossa Nova.
Onde estão os desportistas campeões do mundo como Maria Ester Bueno no tênis,
Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice, Eder Joffre no box, Pelé e
Garrincha nas seleções vencedoras dos mundiais de 58 e 62 e last not least, Yeda Maria Vargas a Miss
Universo, no mesmo período?
Se formos comparar, desde o governo Jânio Quadros que não
temos descanso político, cultural ou educacional. Cabe ainda perguntar: onde está o Estado da
Guanabara que se transformou no melancólico balneário do Estado do Rio de
Janeiro e cujo antigo governo Lacerda, apesar do caráter do governador, tinha
nele o melhor dos administradores? Quanto à cultura, em lugar da vocação, ou
seja, ocupar-se com o que se ama, está o empreguinho pelo dinheiro e nada mais.
Em lugar da Bossa Nova, o funk. Do idioma nem se fala. As construções sintáticas
e gramaticais, não apenas do “bolsa-família” mas também da maior parte da
juventude universitária, ameaçam os humoristas de desemprego.
Além da cultura e do idioma, o terceiro pilar na estrutura
de um povo é a religião. Eu, por minha vez, como ateu e marxista (não
Stalinista, não Maoista e não Castrista), não professo nenhuma, mas não posso
deixar de estar entre os que consideram a religião como, além de riqueza
cultural, âncora, esteio e mesmo freio da humanidade. Infelizmente, em nome de
um esquerdismo canhoto e sinistro, prega-se o extermínio dos cultos religiosos.
Onde está o respeito pelo direito de uma pessoa ser crente ou ateu? Com tantos
Ubi sunt, temos uma impressão de tempos presentes ameaçadores, restando ficar
com a máxima do poeta espanhol do século XV, Jorge Manrique que, na época, já
afirmava: Qualquiera tiempo passado fué
mejor.
C.L. junho de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário