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segunda-feira, 18 de maio de 2015

REENCARNAÇÃO E OUTROS BARATOS

                                                


Nunca ouvi falar de alguém que em encarnações passadas tivesse sido  bosquímano australiano ou cachorro de mendigo. Todos foram Cleópatra, Napoleão ou Nefertiti. Mas asseguro que o que aconteceu comigo, na Espanha, não é invenção ou delírio meu. Estava fazendo shows em Madri e, entre meus músicos, contava com uma jovem flautista. Áurea Regina não bebia, não usava drogas e nem sequer fumava, mas era capaz de ser possuída por repentinas visões, das quais eu acabei fazendo parte. Tanto que certa noite, num papo regado de confidências íntimas, ela me fez uma revelação absolutamente insólita: "Cara, já por duas vezes nos meus baratos, vi você aqui nessas paradas, dentro de uma igreja e confessando uma mulher. Você usava uma túnica de monge e carregava, na cintura, uma espada. E tudo isso em outra época." Deduzi, pela descrição, no barato de Áurea, que eu encarnava um Cavaleiro Templário, coisa de que ela, aliás, não tinha a menor noção. Já em 1982, havia passado por outra experiência curiosa na Espanha. Estava entrando na cidade de Toledo por sinal, reduto dos templários, quando fui tomado de um desfalecimento súbito e suor frio inexplicáveis, que duraram uns cinco minutos seguidos. Sabia que tinha algo a ver com a cidade.

Voltando a meus shows de Madri, depois de um dos shows, apresentou-se-me uma loura madrilhenha, com a qual estabeleci um certo namoro. Fiquei, então, sabendo, que ela era funcionária de uma Sociedade Templária local. Não hesitei em contar-lhe sobre minhas conversas com Áurea e seus baratos. Ela, num clima de bruxa do bem, me garantiu que ia conversar com o Grão-Mestre Templário sobre a possibilidade desses fatos terem algum fundamento. Qual não foi a surpresa, quando num reencontro com minha bruxa, ela me confidenciou, estupefata: "Carlos, falei com o Grão-Mestre e ele me disse que és, realmente, a reencarnação de um Cavaleiro Templário e te manda isto" disse estendendo-me ,embrulhada em um lenço de seda, uma cruz cravejada, com duas hastes, que reconheci imediatamente como a Cruz de Caravaca, símbolo notório dos cavaleiros do Templo. Perguntei, desconfiado, quanto eu teria que pagar por aquilo, no que ela me contestou: "Não tens que pagar nada porque, segundo o Grão-Mestre, és um iniciado." Em tempo, diferentemente de um místico, que sofre toda a sorte de ações paranormais, o iniciado não sofre quaisquer ações, mas tem poder para operá-las. Nunca na vida, vi nada de confirmadamente sobrenatural nem, tão pouco, operei qualquer ação nesse estilo. Como marxista convicto, sou homem de pouca fé e muita esperança podendo considerar-me, no máximo, um materialista dialético de olho na bruxaria. No entanto guardo, até hoje e com muito carinho, o lindo sortilégio que é a Cruz de Caravaca.  
 
Maio de 2015


2 comentários:

  1. Relato muito interessante para um pretenso agnóstico, como eu. Tive também uma experiência semelhante a sua em Toledo quando, nos longínquos anos 60, estive em Paris pela primeira vez, embora de características mais brandas. E senti que nada tinha a ver com a beleza da cidade, vindo eu de Roma, Barcelona, Madri e outras do continente europeu. Também tive um episódio "estranho" quando vi uma determinada moça pela primeira vez e que acabou por entrar profundamente em minha vida. Igualmente não estava a emoção associada a qualquer beleza excepcional, que não era o caso. Posteriormente ela me revelou ter experimentado sensação semelhante naquela ocasião. Conhecimento de vidas passadas? Sei lá... Tudo muito inexplicável para um agnóstico...

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  2. Relato muito interessante para um pretenso agnóstico, como eu. Tive também uma experiência semelhante a sua em Toledo quando, nos longínquos anos 60, estive em Paris pela primeira vez, embora de características mais brandas. E senti que nada tinha a ver com a beleza da cidade, vindo eu de Roma, Barcelona, Madri e outras do continente europeu. Também tive um episódio "estranho" quando vi uma determinada moça pela primeira vez e que acabou por entrar profundamente em minha vida. Igualmente não estava a emoção associada a qualquer beleza excepcional, que não era o caso. Posteriormente ela me revelou ter experimentado sensação semelhante naquela ocasião. Conhecimento de vidas passadas? Sei lá... Tudo muito inexplicável para um agnóstico...

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