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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

GOSTO NÃO SE DISCUTE


“Se todos os gostos fossem iguais, coitado do amarelo”. “Gosto não se discute”. Não, não se discute. Mas existem, indiscutivelmente, os indiscutíveis: Bach é indiscutível, Shakespeare é indiscutível, Ravel e Debussy são indiscutíveis, Proust, Fernando Pessôa e Carlos Drummond são indiscutíveis. Há quem diga que o são porque todo mundo gosta. Prefiro crer que é porque têm, realmente, qualidade. São bons porque são bons. Considero-me uma pessoa de bom gosto e bom senso para música, artes dramáticas e literatura, mas nossos gostos pessoais têm curvas sinuosas, inexplicáveis, que dependem de circunstâncias diversas tais como fixações de infância, família, geração, etc. Reconheço, portanto, que nem tudo que eu gosto é bom, assim como nem tudo o que é bom eu gosto. Não gosto de Beethoven, por exemplo, mas não posso deixar de reconhecer que é bom.

Quanto à  Bossa Nova, só me identifico com, no máximo, cinqüenta por cento. Há outros, que sem fazer parte integrante poderiam, sem problema, ser incluídos. Juca Chaves, um dia, adentrou minha Academia de violão exclamando: “Eu nunca disse que era Bossa Nova!” Tranqüilizei-o: “Juca, a Bossa Nova se inspira em todos os gêneros e ritmos brasileiros. Você com suas modinhas, especialmente ”Ana Maria”, é Bossa nova sim.” Ganhei um amigo.  No início do chamado “movimento”, Bené Nunes me alertou que, no futuro, nos iríamos rir dos excessos de “flor, flor, flor”, que se repetiam em nossas letras. Realmente a Bossa Nova era regada a flores… Eu, de minha parte, evitava em minhas letras e a todo o custo o uso de tal vocábulo, entre outros cacoetes.

Minhas opiniões nem sempre agradavam meus pares.  Chico Buarque chegou a ficar zangado comigo porque declarei, sem nenhuma má intenção, que ele era melhor poeta do que músico, assim como Tom Jobim, que apesar de ser excelente letrista era muito superior como músico. Só que Chico, além de considerá-lo melhor poeta do que músico, eu o incluo entre os melhores letristas do mundo como Cole Porter, Jacques Brel e Lorenz Hart. Já Caetano, além de magnífico letrista e poeta é, para mim, um excelente músico cujas melodias transcorrem límpidas e bem desenhadas como nos melhores. Enfim, gosto não se discute.


C.L. 

Novembro de 2015

Um comentário:

  1. Sou suspeito na minha opinião porque adoro bossa nova. Quando eu era garotinho lembro que ouví João Gilberto no rádio,cantando "Desafinado". Meu pai mudava o dial de imediato.Onde já se viu um cara desse ser cantor??!!! E eu corria para o meu quarto e ficava ouvindo o João no meu radinho de pilha.Ficava fascinado.Totalmente diferente das músicas que eu ouvia.Vozeirões.Interpretações dramáticas.E aquele João com aquela música,aquelq melodia e aquela letra desprenciosa.
    Eu tinha uma noção de música porque estudava acordeão,por sugestão de meu pai,pelo método Mário Mascarenhas.Eu morava em São Paulo,mas minha professora era carioca.E era formada por esse método que fazia sucesso na época. A partir de "Desafinado" comecei a ouvir tudo de bossa nova.Carlinhos Lyra,(conquistei muitas meninas, recitando os versos de "Minha Namorada)o grande letrista Ronaldo Boscoli,Nara Leão,Dóris Monteiro.(tive o prazer de vê-la recentemente no teatro Baden Powell) ,Norma Beunguell....Nossa,bom demais. Não passo uma semana sem ouvir meus cds de bossa (para sempre)nova.

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