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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ESQUERDA FESTIVA E SOCIALISMO DEMOCRÁTICO



Hoje, quando no Brasil queremos saber por onde anda a Esquerda, nos deparamos com duas possibilidades, ambas festivas e manifestas: a esquerda petista e a esquerda arrependida. A primeira, mais para canhota ou sinistra, é a que continua seguindo os dogmas Stalinistas-Leninistas. A segunda é a que, lamentando à moda de Jeremias, a derrocada da União Soviética, a queda do muro de Berlim, etc., mostra sinais de profundo arrependimento por ter seguido, enganosamente, os preceitos daqueles caminhos e perdido, por uma tal maçã de Eva, as delícias do Paraíso.
Há no entanto, se bem que menos manifesta, uma terceira possibilidade de referência, ou seja, de estudiosos que entendem o Marxismo como uma filosofia ou ciência politico-social-econômica e não um mero partido político. Que, como toda ciência, o Marxismo é passível de mudança e evolução e que a revolução, em contrapartida, no referente à ciência, só se compreende, ali, em sentido figurado. Que, se atentarmos para os fatos, as revoluções, no sentido político, a exemplo da francesa, da soviética, da chinesa, da cubana, da de 64 no Brasil, etc., resultaram em fracassos político-sociais e/ou econômicos lastimáveis.

Por outro lado, não era sem fundamento que Karl Marx vaticinava que os únicos lugares onde o Socialismo poderia acontecer, naquela época, seria na Alemanha ou nos Estados Unidos, onde o Capitalismo estaria suficientemente desenvolvido para, eventualmente, evoluir em Socialismo assim como a sociedade escravagista primitiva evoluiu em Feudalismo e o Feudalismo evoluiu em Mercantilismo capitalista, tudo pelo concurso da evolução das ciências e nunca através de quaisquer revoluções.

Ironicamente, os Stalinistas chegaram mesmo a declarar que o Socialismo, como não podia deixar de ser, instalou-se no único país onde tal coisa seria possível, ou seja na U.R.S.S. Todos vimos no que deu… Para que se observe o verdadeiro pensamento de Marx, ele ainda definia os sistemas políticos pelas máximas que seguem. Capitalismo: a cada um segundo suas oportunidades. Socialismo: a cada um segundo seu trabalho. Comunismo: a cada um segundo suas necessidades.
 Além de revolução, há ainda o conceito de ditadura. O Stalinismo-Leninismo soviético alardeou insistentemente a ditadura do proletariado sem levar em conta que um Socialismo democrático só se compreende num estado político equilibrado e não comporta nenhum tipo de ditadura, seja de quem for. Na verdade, as ditaduras só são compatíveis com regimes arbitrários e/ou sanguinários que nada têm a ver com Marxismo e sim com nazismos, fascismos, castrismos, chavismos, bolivarismos e extremismos em geral.

Cumpre acrescentar que o Marxismo, sendo uma filosofia,  ou uma ciência politico-socioeconômica e concebida no século XIX, a exemplo de outras ciências também concebidas no mesmo século - tais como a Psicanálise de Freud e a Evolução das Espécies de Darwin - também evoluiu e foi modificada ou atualizada. Isso, que os soviéticos chamavam pejorativamente de reformismo, aconteceu sem o conhecimento da maioria das pessoas.  Não querendo dizer com tudo isso que Marx, Freud e Darwin, não tenham sido, legitimamente, os inventores das respectivas rodas.

C.L.

Setembro de 2015

Um comentário:

  1. Considero o marxismo uma utopia.Não creio que regime algum,principalmente democrático, consiga implementá-lo em sua plenitude.Mas,também considero que utopias são necessárias.São como o horizonte.Por mais que caminhemos em direção a ele,jamais o alcançaremos.Mas nos fazem caminhar.

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